terça-feira, 20 de outubro de 2009
VIA CAMPESINA
Alagoas
MMC – mpa – MST – cpp – povos indígenas – consulta popular
Aos Lutadores e Lutadoras da Reforma Agrária
Companheiros e Companheiras
Historicamente os camponeses (as) neste país foram excluídos do direito a terra e execrados de sua identidade e culturas, como a que se deu com os povos indígenas na invasão dos colonizadores. Neste período saquearam o ouro e a madeira para manter o luxo e o padrão de riqueza da elite européia, para tanto, escravizaram e fizeram extermínio em massa dos povos que aqui sempre existiram. Não o bastante, a coroa portuguesa traficou negros da África para lhes servir de mão-de-obra escrava nas fazendas, num outro momento da história o Brasil foi marcado pela corrupção da ditadura militar, pelo domínio dos meios de comunicação, da igreja, da educação, dos meios de produção e riqueza num famigerado jogo político. Este processo não foi diferente com o povo alagoano, criados com um cabresto nas fazendas de gado e nos engenhos e usinas de cana de açúcar. A elite é quem decidiu o que deviríamos estudar, comer, vestir e agindo com violência por meio da pistolagem e da criminalização dos Povos Indígenas e dos Movimentos Sociais.
A história se repete. E os séculos que se passam são marcados pela ação do capital que destrói, escraviza mentes, braços e corações. Por isso é preciso dizer a público que recursos como os do canal do sertão que já foram gastos mais de três vezes para fazer a mesma obra, estão a serviço do latifúndio e das oligarquias sertanejas, é uma obra de ilegalidades contestada e comprovada pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Constas da União que atingirá 42 municípios e fortalecerá grandes empresários do ramo da fruticultura, promoverá o avanço da cana de açúcar para o Agreste e Sertão do Estado como atesta dados do IBGE/MAPA que diz que o solo do Sertão é razoável com irrigação e sem irrigação para produção de etanol.
Apresentamos aqui uma lista de grandes projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do Agronegócio e Hidronegócio que já estão sendo implantados ou em elaboração: a implantação da Vale Verde na região do Agreste para exploração de minério, já vem destruindo a caatinga e sonegando direitos sagrados dos camponeses (as) na região, a construção da barragem das trairás em Pão de Açúcar matará de uma vez por todas a região do Baixo Rio São Francisco e conseqüentemente o seu povo, Barragem do Bálsamo em Palmeira dos Índios que impactaram o meio ambiente e muitas comunidades camponesas e indígenas, em breve a construção da transnordestina que passará de canto a canto do Estado favorecendo o modelo agroexportador, a linha verde que cortará toda a zona costeira de Alagoas, expulsando as populações pesqueiras para dar lugar a implantação de grandes hotéis de luxo se encarregando de privatizar as águas, intensificação da plantação do monocultivo do eucalipto, cana de açúcar transgênica, etc. Além, disto o governo do Estado vem defendendo a construção de usina núclear na região do Rio São Francisco, como se não bastasse as grandes barragens e ainda as obras da transposição do Rio São Francisco que vem decretando a morte do rio e de seu povo.
A Via Campesina de Alagoas vem denunciar e convocar a sociedade a se juntar com os camponeses e camponesas em luta, pois é urgente e necessária fazer a Reforma Agrária no Brasil e em Alagoas, desapropriar as terras improdutivas e os latifúndios produtivos de monocultivos que só gera mais riquezas para a elite. Para dar lugar à agricultura camponesa que produz alimento, que preserva o meio ambiente e que gera emprego e renda. Sendo uma alternativa de sustentabilidade real política, ética, econômica, social, cultural e ambiental que definitivamente se contrapõe ao modelo devorador da vida no planeta.
É possível sim outro jeito de ser e viver na terra, mas para isso, é preciso que os governos façam a Reforma Agrária e demarcação dos territórios tradicionais indígenas, quilombolas e pesqueiros. Invistam na agricultura camponesa com subsídios para produzir e alimentar os famintos e estocagem, garantindo assim a soberania alimentar. Políticas públicas estruturantes são necessários como: a garantia dos direitos previdenciários, educação camponesa e contextualizada, política publica de habitação, preservação das sementes crioulas como patrimônio dos povos, preservação do meio ambiente e biomas rios, aguadas, lagoas, fontes de minação, repensar a nossa matriz energética, barrar todas as formas de compra de terra para empresas transnacionais e tantas outras políticas necessárias para a preservação da vida da humanidade.
Nós pequenos agricultores, pescadores artesanais, mulheres camponesas, indígenas, quilombola, nos juntamos numa só voz e convocamos toda a classe trabalhadora alagoana a denunciar e a fazer a luta pela reforma agrária, reforçando e apoiando a marcha estadual do por Reforma Agrária e Soberania Popular do MST - AL, como meio de garantir à continuidade do campesinato. Como forma de garantia de vida e com alimento sadio, abundante e acessível para toda a população do nosso estado e do nosso país.
Convocamos o povo alagoano para discutir um Projeto Popular Alternativo e Político que promova a dignidade, a autonomia dos povos e soberania popular. Direitos dos quais, a Constituição Federal aponta mas, que na realidade nos é negado. Que o Povo se Levante e a Vida Floresça com Fartura e Justiça.
Viva a Luta pela Reforma Agrária!
Viva a Agricultura Camponesa!
Pátria Livre! Venceremos!
Globalizemos a Luta! Globalizemos a Esperança!
Via Campesina Alagoas, outubro de 2009.
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