sábado, 18 de setembro de 2010

Seminário discute impactos do uso abusivo dos agrotóxicos no país

A Via Campesina, em parceria com a Fiocruz e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, promovem um seminário nacional contra o uso dos agrotóxicos, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP).

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Apresentação do engenheiro florestal Horácio Martins de Carvalho
Apresentação do diretor de Política Agrícola e Informações da Conab Silvio Porto
Apresentação da gerente de Normatização e Avaliação da Anvisa Leticia Rodrigues da Silva

Participam do seminário cerca de 90 pessoas, de 16 estados e do Distrito Federal, de mais de 20 organizações, movimentos sociais, entidades ambientalistas e organizações não-governamentais.

O Brasil ocupa o primeiro lugar na lista de países consumidores de agrotóxicos. Em 2009, o Brasil bateu recorde no consumo de agrotóxicos. Mais de um bilhão de litros de venenos foram jogados nas lavouras, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola.

Na abertura da atividade, na manhã desta terça-feira (14/9), o dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) Frei Sérgio Görgen apresentou uma análise dos impactos da expansão do agronegócio para o ambiente e a saúde da população.

"Nós continuamos vivendo a Revolução Verde. No entanto, tudo é controlado pelas transnacionais, desde as sementes até as mercadorias nos supermercados", disse.

Frei Sérgio avalia que está em curso no Brasil uma estratégia comum do grande capital e da burguesia agrária para reconfigurar o latifúndio no país.

O modelo de produção do agronegócio se sustenta no latifúndio, na mecanização pesada dos instrumentos de trabalho do campo, a dependência química e energética do petróleo (usado como combustível para as máquinas e para a produção dos agrotóxicos) e no uso de informática.

Esse investimento em tecnologia, no entanto, coloca nas mãos das empresas transnacionais o controle das sementes, que são “viciadas” em insumos e que só podem ser colhidas por máquinas.

"O aparecimento de pessoas com câncer nessas áreas [de grandes monoculturas do agronegócio] já é epidêmico", alertou.

Frei Sérgio avalia também que agricultores perderam suas referências históricas e não acreditam mais que possam cultivar sem o uso de venenos. Com isso, aumentou no mundo todo o uso de agrotóxicos.

Presidenciáveis respondem a agronegócio

Presidenciáveis respondem a agronegócio
Alexandre Inacio, de São Paulo

Os três principais candidatos à Presidência da República - José Serra, Marina Silva e Dilma Rousseff - apresentaram ontem em São Paulo avaliações sobre o agronegócio e alguns poucos planos efetivos para o setor nos próximos quatro anos. Os comentários foram gravados em vídeos e apresentados durante a nona edição do Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira de Agronegócio (Abag).

A ideia era que os candidatos respondessem a seis temas, considerados os mais importantes pelo setor produtivo - renda no campo, infraestrutura e logística, comércio exterior, defesa agropecuária, institucionalidade política e pesquisa. "Sinto que a mensagem chegou a todos. Os candidatos perceberam que o setor precisa de ações rápidas e o nível das respostas dadas mostra um comprometimento de todos com o setor. E nós vamos cobrar esses compromissos", afirma Carlo Lovatelli, presidente da Abag.

O candidato tucano fez críticas ao Movimento dos Sem-Terra, prometeu reorganizar o sistema de crédito ao agronegócio, colocar em prática o seguro agrícola e equacionar os problemas cambiais. Sem dar detalhes de como pretende fazer isso, ele disse que pretende valorizar os centros estaduais de pesquisa, promovendo a parceria entre os setores públicos e privados e que, assim como fez na saúde humana, vai viabilizar a produção e comercialização de defensivos genéricos.

Em sua apresentação, a candidata do PT disse que fundir as operações de alguns ministérios como defendem algumas vertentes do agronegócio, não é uma solução. No que se refere ao comércio exterior, ela disse que dará continuidade às políticas do atual governo e lembrou dos avanços realizados pela atual gestão, como a questão do endividamento rural, aumento do crédito e criação de linhas no BNDES.

A candidata do PV foi a última a entregar seu vídeo. Nele ela considera que, apesar do PAC, o Brasil não possui um plano de infraestrutura e que a pesquisa deve ser utilizada como forma de agregar valor à produção agrícola.

MARINA APOIA O AGRONEGOCIO E O PROGRAMA DO ETANOL

Na sabatina, a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, expressou apoio ao agronegócio. "Um dia desses, quando me perguntaram sobre o agronegócio, disse que eu era a solução para o agronegócio no século 21", afirmou. Marina elogiou os produtores de etanol associados à Unica. "O Etanol tem a melhor tecnologia do mundo. É uma contribuição econômica, social e para a mudança climática", disse.

Segundo ela, o que a Unica (união das Usinas ede alcool e açúcar de sao paulo)tem feito em São Paulo "é um bom caminho", citando as metas para o fim da queima da palha da cana-de-açúcar, o treinamento profissionalizante para os trabalhadores que deixarão o corte da cana por causa da mecanização e o uso sustentável da água.

A candidata se disse a favor da reforma agrária. " O erro é quando alguém quer sobrepor o seu interesse sobre o de outro, nos dois lados. Há espaço para todos, para o agronegócio, para a agricultura familiar, para o grande para o pequeno", afirmou Marina. A candidata do PT, Dilma Rousseff, não compareceu ao evento.



O campo quer melhorar sua imagem
Alexandre Inacio, de São Paulo

O agronegócio se prepara para colocar em prática um plano de comunicação e marketing institucional do setor. Encabeçado pela Associação Brasileira de agronegócio (Abag), o objetivo é melhorar a imagem do segmento produtivo junto à população dos grandes centros urbanos e valorizar a atividade agropecuária, fazendo uma relação entre a produção e o dia a dia das pessoas.

O projeto de comunicação do setor ainda está em uma fase embrionária. Segundo o presidente da Abag, Carlo Lovatelli, o plano ainda não está fechado e a entidade, juntamente com outras associações representativas de classe, estão no momento de captação de recursos. Enquanto tenta fazer caixa para o programa, alguns grupos de trabalho trabalham em paralelo para traçar as estratégias a serem adotadas.

Ele não revela qual seria o orçamento ideal para dar início à campanha, mas o Valor apurou que já existem R$ 5 milhões comprometidos por empresas e entidades para aplicação no plano. Esses recursos, porém, não seriam suficientes para envolver propagandas em TV, ainda o principal canal de propaganda do país. Fontes revelaram que o mínimo necessário para colocar o projeto em prática seriam R$ 15 milhões, sendo que R$ 30 milhões seria o valor ideal para executar a estratégia em todos os meios de comunicação.

"A comunicação é uma deficiência setorial. Estávamos devendo um posicionamento como esse há muito tempo e pretendemos utilizar todas as ferramentas disponíveis para conseguir a maior abrangência possível", afirma Lovatelli, da Abag.

Enquanto a Abag tenta levantar o restante dos recursos para viabilizar a fase inicial, a expectativa é que a primeira campanha publicitária esteja no ar antes do fim do ano. "Não vamos concorrer com a propaganda política. Vamos nos organizar nos próximos meses para iniciar as primeiras ações após o término das eleições", disse Lovatelli.

Sobre a origem dos recursos, Lovatelli disse que a ideia é que o patrocínio seja gerado a partir de aportes de empresas e entidades ligadas ao agronegócio quanto àquelas que não possuem um vínculo direto. Uma das instituições onde parte dos recursos será levantado é o próprio governo, via Ministério da Agricultura.

Sobre a dificuldade em conseguir recursos para um plano de comunicação para o agronegócio, o ex-ministro e coordenador do Centro de agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, disse que quando era presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), em 1995, tentou fazer algo semelhante. À época eram necessários R$ 2 milhões para uma campanha de seis meses. Ele apresentou o projeto para 60 empresas, com a expectativa de obter cotas de patrocínio de pelo menos 40. "Apareceram três. Uma era a Agroceres e as outras duas eram cooperativas", disse.



Correio braziliense, Brasilia,10 de agosto 2010
Mutirão de ruralistas

Ivan Iunes -Igor Silveira

Kátia Abreu promete passar o chapéu entre representantes do agronegócio

De olho na arrecadação de campanha, os coordenadores da candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência escalaram a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) para passar o chapéu entre os representes do agronegócio. Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia tem o plano de reforçar consideravelmente o caixa de Serra e montar uma estrutura centralizada de captação de recursos para deputados e senadores da bancada ruralista. A intenção é que a representação do setor nas duas Casas cresça 20% no pleito de outubro.

A estratégia de arrecadação entre os empresários do agronegócio ainda está sendo traçada por Kátia Abreu. Inicialmente, a ideia é enviar uma carta de apresentação solicitando a doação de recursos e um boleto bancário, para facilitar o processo. A senadora estuda arrecadar pelo menos R$ 100 de cada contribuinte. Os potenciais doadores são estimados em 2 milhões de produtores rurais e pecuaristas — o Brasil conta com cerca de 5 milhões de pequenos e grandes agricultores e criadores de gado. “Vamos pedir R$ 100, R$ 1 mil, pegaremos qualquer quantia desde que a contribuição seja transparente. Não faremos nada que não for republicano”, afirma.

Embora a prioridade seja a campanha presidencial, recursos pingarão nas contas de candidatos a deputado e senador, desde que alinhados aos ruralistas.

“Os que apoiam a agropecuária terão meu empenho total”, afirma Kátia. Oficialmente, a bancada ruralista conta com 82 deputados e 12 senadores, proprietários diretos de terras. A contar os quem têm interesses indiretos na causa, a soma sobe para 120.

Causa
Os planos da Frente Parlamentar da Agropecuária incluem ganhar de 24 a 36 novos defensores a partir de outubro. Mesmo com divisões partidárias internas, todos teriam o caixa reforçado pela estratégia agressiva de arrecadação. “Não discutimos ideologia. A luta é pela causa e, por isso, não há problema no fato de a bancada ser formada por parlamentares de partidos diferentes”, garante o presidente da Frente, o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC). Segundo especialistas na articulação parlamentar, os planos de arrecadação de Kátia Abreu mostram uma tendência atual, de entidades patronais se empenharem para elegerem bancadas.

Embora a senadora garanta que não utilizará a estrutura da CNA, a mera presença dela à frente do plano já serviria para girar a máquina da entidade, formada por diversas federações estaduais. Além dos ruralistas, o setor industrial também anunciou que implementaria uma estratégia para aumentar a representatividade no Congresso. “O maior problema desse movimento é que a condução do Congresso fica entregue a um número reduzido de corporações e movimentos”, diz o presidente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, Antônio Queiroz.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Carta aos Candidatos Alagoanos

Carta aos candidatos a governo estadual, deputados estaduais, deputados federais e senadores do estado de Alagoas.
Nós, camponeses e camponeses organizado no Movimento dos Pequenos Agricultores dos municípios de Palmeira dos Índios, Cacimbinhas, Major Isidoro, Estrela de Alagoas, São José da Tapera, Pariconha, Monteirópolis, Pão de Açúcar, Piranhas, Ouro Branco, Traipu, Delmiro Gouveia, Olho D’água do Casado, Olho D’água das Flores, Porto Real do Colégio, Maceió, Água Branca e Igaci somando mais de 40 pessoas reunidas no período de 27 a 30 de agosto de 2010 em Palmeira dos Índios na Escola Estadual de Formação apresentamos carta a sociedade alagoana e aos candidatos as eleições atuais.
1. Parar o fechamento das escolas do campo;
2. Não precisamos de transporte para transportar os alunos do campo para a cidade, precisamos que as escolas de ensino fundamental e médio funcionem com professores do campo, como manda a LDB Lei de Diretrizes e bases;
3. Queremos estruturas físicas adequadas para as nossas escolas;
4. Queremos professores do campo, qualificação e capacitação que garanta o repasse dos conhecimentos tradicionais e culturais para os filhos e filhas dos camponeses;
5. Queremos que se cumpra a lei que determina obrigatoriamente a compra de 30% da merenda escolar das comunidades de pequenos agricultores e tradicionais;
6. Não queremos que os professores do campo sejam contratados por acordos políticos que servem para manter no poder as oligarquias politicas de nosso estado;
7. Queremos ter acesso a universidade pública e aos cursos técnicos e de graduação nas áreas de técnico agrícola, agronomia, pedagogia, história, nutrição, zootecnia e direito.
8. Queremos ser parte ser na fiscalização dos recursos públicos da educação do nosso estado;
9. Exigimos o fim da criminalização da juventude e dos pobres, que o estado efetue políticas públicas de amparo e inclusão da juventude na sociedade.

Palmeira dos Índios, 30 de agosto de 2010.