Correio Braziliense
Corrida contra o tempo
Dos R$ 4,8 bi destinados à transposição do velho chico, só R$ 353 milhões foram gastos
Lúcio Vaz
Enviado especial
Cabrobó (PE) — As maiores obras que beneficiam os sertões do Nordeste estão atrasadas. A cartilha do PAC nos estados mostra o traçado da Ferrovia Transnordestina atravessando a Chapada do Araripe, região formada por pedaços de Pernambuco, Piauí e Ceará. Em cada estado, aparece o valor total do investimento: R$ 5,42 bilhões. Na verdade, esse é o valor integral da obra abrangendo os três estados. Desse total, até agora foram gastos apenas R$ 259 milhões, ou seja, 4,7% do orçamento previsto. A parte mais adiantada em execução é o trecho entre Missão Velha (CE) e Salgueiro (PE). Em exatos três anos de obras, foi feita a terraplanagem numa extensão de 96 quilômetros. Depois disso, em um ano e meio, o governo terá que construir mais 1.632 quilômetros.
Na relação de obras no Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco, aparece o orçamento da Transposição do Rio São Francisco. São R$ 4,8 bilhões para os quatro estados. Cerca de um quarto desses recursos vai beneficiar municípios da Chapada do Araripe. Até agora, foram contratados serviços no valor de R$ 3 bilhões, mas foram pagos apenas R$ 353 milhões, o que corresponde a 7% do custo total previsto. O governo diz que vai concluir até o fim do próximo ano o Eixo Leste, que beneficia Pernambuco e Paraíba. O Eixo Norte, que transporta água para o Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, estará pronto em 2012, promete o governo.
No município de Cabrobó (PE), já é visível a obra de integração do Rio São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional. Uma enorme placa do PAC anuncia a execução das obras de instalação e montagem dos equipamentos elétricos e mecânicos da primeira etapa do projeto. O valor orçado é de R$ 238 milhões. Máquinas escavadeiras de grande porte trabalham a todo vapor na construção do grande canal de transposição, que pode ser visto das margens da BR-428.
Ajuda pesada
O aporte de recursos da União na Ferrovia Transnordestina será de escassos R$ 164 milhões, o que corresponde a 3% do orçamento total. Para viabilizar a obra, o governo federal mobilizou uma rede de agências de financiamento e fundos estatais. O Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor) entrará com R$ 283 milhões. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) colocará mais R$ 225 milhões. O Banco do Nordeste e o Fundo Constitucional do Nordeste aplicam R$ 180 milhões. Mas a maior parte virá da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que contribui com R$ 2,67 bilhões. A CSN Equity complementa o aporte com R$ 681 milhões. O BNDES ainda vai emprestar mais R$ 675 milhões a CSN, controladora da concessionária Transnordestina Logística S/A, responsável pela obra.
A ferrovia conta com dois trechos em obras de terraplanagem. O trecho entre Missão Velha e Salgueiro foi iniciado em 6 de junho de 2006. Está com os serviços de terraplanagem em fase de conclusão. Falta construir três pontes, dois viadutos e um túnel, além das superestruturas de lastro, dormentes e trilhos. E essa é a parte mais adiantada do empreendimento. O custo desse pedaço é de R$ 235 milhões. O segundo trecho em andamento é entre Salgueiro e Trindade (PE), com extensão de 163 quilômetros e custo estimado de R$ 452 milhões. Os primeiros 20 quilômetros recebem obras de terraplanagem.
A chamada Nova Transnordestina, com 1.728 quilômetros, vai ligar Salgueiro aos portos de Pecém (CE), Suape (PE) e Eliseu Martins (PI). A extensão de operação da Transnordestina Logística é de 2.279 quilômetros. O trecho a ser construído vai ser interligado à linha que liga Cabo (PE) a Porto Real do Colégio (AL), já existente.
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